O Ministério Público do Piauí vai apurar suposta transferência irregular do detento “Batman”, que recebeu visita intima na semana passada. Ele está preso na Penitenciária de Altos, mas foi levado por uma noite até a Penitenciária Ribamar Leite, antiga Casa de Custódia. Lá, ele encontrou a esposa.

A polêmica surgiu porque para autorizar a transferência, alguém supostamente recebeu R$ 15 mil.

Ao site OitoMeia, Kleiton Holanda, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinpoljuspi), disse que os envolvidos serão ouvidos pela Promotoria de Altos, distante 42 km de Teresina. Ele foi até o município acompanhar os três agentes.

O Sindicato esclarece que os funcionários estavam apenas cumprindo a função que foi ordenada pela administração do presídio.

“Os agentes foram vítimas porque são obrigados a cumprir a função deles, que é vigiar o preso quando a administração permite a transferência. Consideramos essa transferência como irregular e alguém da administração prisional ou Secretaria de Justiça precisa explicar porque aconteceu. Para qualquer visita íntima, no caso dele, um preso de alta periculosidade, precisaria de uma petição na Justiça. Mas, demoraria, no mínimo, três meses para ser permitido ou não. No caso do Batman, foi de uma semana para a outra. Precisa ser investigado”, destacou.

O Tribunal de Justiça do Piauí também negou que tenha autorizado transferência para visita íntima ao detento.

A DENÚNCIA

Uma série de áudios chegaram à imprensa do Piauí denunciando um caso de suposta corrupção dentro da Casa de Detenção Provisória em Altos, distante 42 km de Teresina. Na conversa, um agente reclama de uma transferência de preso, que teria ido fazer sexo na Penitenciária Professor Ribamar Leite, antiga Casa de Custódia.

No áudio, o profissional lamenta o perigo enfrentado para que um detento pudesse fazer sexo em outra unidade prisional.

“Aquele preso que nós levamos era simplesmente um esquema. Não sei quem tava recebendo, mas sei que falam em R$ 15 mil dividido para o cara transar na Casa de Custódia e voltar. Aquele aparato todo, com sirene ligada, arma em punho. Nós só servimos de Chauffeur para o ********* ir ‘trepar’ na Casa de Custódia, está entendendo? Para **** encher os bolsos de dinheiro. Aí, no outro dia, de volta”, criticou.

Ainda segundo o agente, a esposa do detento não passou por qualquer vistoria. “Para nunca mais esses ******** colocarem pai de família em missão infundada. Arriscando a vida, tanto em trânsito como no perigo de resgate com um preso de alta periculosidade [como ele]”, continuou outro agente.

O PRESO “BATMAN”

O detento se chama Rogério Mattos da Luz, conhecido como “Batman”, natural do Paraná. Segundo apurou o OitoMeia, o rapaz foi preso há dois anos no Piauí e tem um currículo extenso de crimes, que envolve tráfico de drogas, assalto a carros-fortes e agências bancárias por todo o país. Em janeiro de 2016, ele perdeu uma das mãos quando tentou manusear explosivos sem saber que estavam acionados.

No Paraná, ele foi apontado como líder de uma quadrilha especializada em roubo a cofres e agências bancárias. Ele e os comparsas atuam desde a década de 1990 no Sul do país, sendo considerado de alta periculosidade. Recentemente, “Batman” praticou crimes no Nordeste e chegou ao Piauí, onde acabou preso em 2016 na operação “Forasteiros”. O detento deu um nome falso, nomeando-se de “Waldemar Muller”, mas foi descoberto.

Fonte: OitoMeia/Lorena Passos