O metalúrgico Cícero Romão Lopes Moreira, de 45 anos, criou um fogão movido a carvão em sua oficina que fica em Campo Maior, no Norte do estado, e tem sido bastante procurado devido ao aumento do gás de cozinha. Este mês, a Petrobras anunciou aumento de 7,2% nos preços da gasolina e do gás de cozinha em suas refinarias. No Piauí, o botijão já é vendido de R$ 115 a R$ 120.
Segundo Cícero Moreira, nos últimos meses houve um aumento de 50% na procura pelos fogareiros ("fogões" com uma ou duas bocas). A peça com uma boca custa R$ 50 e a de duas bocas custa R$ 65. Ele também vende a peça completa (de três bocas, forno e churrasqueira), que custa R$ 250.
"Este ano já produzi mais de 100 fogões. Estou com 20 encomendas para fazer este mês do fogão a carvão, e agora aumentaram em mais de 50% os pedidos dos fogareiros e churrasqueiras como alternativa também, devido ao aumento do gás de cozinha", disse o metalúrgico ao Uol.
Cícero garante que o fogão cozinha qualquer alimento, assa bolos, pães e outros pratos. Ele conta que já recebeu encomendas de vários municípios do Piauí, do Maranhão e também de Brasília.
A invenção do fogão a gás adaptado para o carvão surgiu em 2015, quando o botijão teve aumento de 15%, após 13 anos com preços congelados. "Houve um aumento abusivo naquele ano, vi que a população estava reclamando muito e tive a ideia de montar esse fogão a carvão", conta.
A ideia veio de suas experiências em produzir grades de ferro para portões e janelas de casas, além de churrasqueiras e fogareiros. Moreira conta que precisa do fogão a gás de quatro ou seis bocas para transformá-lo em modelo a carvão. "Antigamente, se fazia usando o barro, e adaptei para o fogão de metal", afirma.
Segundo o metalúrgico, o modelo foi patenteado em 2016. Ele produz em dois dias o fogão de forma artesanal, com ajuda de um soldador. Com a dificuldade de encontrar materiais nas sucatas e o aumento do metal, Cícero Moreira conta que tem evitado pegar novas encomendas. Ele disse que gasta cerca de R$ 130 para produzir o modelo mais completo, entre pintura, diária do soldador e compra do material.
Gilmar Luz Moura, 41 anos, comprou uma peça há dois meses para sua lanchonete em Campo Maior e diz que conseguiu reduzir os gastos com a cozinha entre 70% a 80%. "O preço do gás está altíssimo. Usamos dois botijões no mês na lanchonete e gastamos R$ 240. Com o fogão a carvão, gasto R$ 36 no mês", conta.
Em Campo Maior, o botijão chega a custar R$ 120, enquanto o preço médio do saco de carvão é de R$ 18 e dura duas semanas para Moura. "Fiz um bom negócio, tenho certeza".
Elisangela Medeiros da Silva, 41 anos, conheceu a invenção do metalúrgico e quis experimentar. Ela conta que cozinha arroz, feijão, carne, panelada, um cozido típico no Nordeste, e não tem tido problema. "Além de acomida sair gostosa, ainda tenho redução de custo", diz.
Fonte: UOL/Yala Sena