Li com muita atenção o artigo publicado neste Portal Altos com argumentação contrária à construção de um aeroporto em nosso município de Altos. Tenho muitas razões para discordar de suas palavras, que não apresentam fundamentação alguma, mas a principal delas é que nenhuma grande caminhada se realiza sem o primeiro passo. Experimente subir uma escada saltando os degraus iniciais, meu caro, ou então escalar um morro indo diretamente ao topo. Imagino que você não tenha asas, por isso, como qualquer pessoa, terá que começar mesmo pelo começo.

O aeroporto para Altos pode se transformar numa realidade. Os recursos existem. Foram colocados 500 milhões no PPA pelo deputado federal Júlio César Lima. Já conversei com o próprio deputado e ele se manifestou a favor da ideia do aeroporto para nosso município. Está provado que o aeroporto de Teresina não é mais suficiente para atender a demanda da capital. Isso é ponto passivo, reconhecido pela própria Infraero, que, infelizmente, na contramão da história, insiste em aplicar 100 milhões de reais na ampliação do atual sítio aeroportuário, na zona norte de Teresina. Seria preciso remover 1.236 imóveis, mexendo com a vida de muita gente e também estabelecimentos comerciais devidamente consolidados naquela região da cidade.

Por causa disso, e pensando bem, o prefeito de Teresina, Elmano Ferrer, que havia baixado um decreto de desapropriação, resolver revogá-lo, por entender, primeiro, que, passado mais de um ano, a Infraero não apresentou nenhum projeto para a ampliação, ou seja, era tudo falácia, e, segundo, não há por que mexer com a vida de tanta gente se a simples ampliação não resolveria o problema. Em pouco mais de dois anos a demanda teria se ampliado e novamente seria preciso reformá-lo.

A necessidade é de que seja construído um novo aeroporto. E esse debate não é de agora, o que mostra a desinformação daqueles que atacam a nossa ideia. Senão, vejamos a nota publicada na edição de sábado, 28 de abril do ano em curso, na coluna “Em Tempo” do jornal “Diário do Povo”:

“Em 1993, quando era governador do Piauí, o economista Freitas Neto encaminhou um ofício para a coordenação da Infraero apelando pela construção de um novo aeroporto e informando que o estado já apresentava uma demanda considerável por voos para destinos nacionais e internacionais. A empresa mandou em resposta para ele que esta necessidade alegada não era verdadeira, porque o aeroporto de Teresina somente em 2025 é que teria uma demanda anual de 400 mil passageiros.”

Prossegue:

“Ocorre que os números atuais desmentem a assertiva: em 2012 temos nada menos que 1,2 milhão passageiros/ano transitando pelo aeroporto da capital piauiense. A Infraero errou feio. E pode estar errando novamente em afirmar que Teresina não comporta a construção de um novo sítio aeroportuário, como querem os seus líderes. Diz-se que o Piauí não apresenta demanda suficiente. Será?! Para que não prevaleça uma posição unilateral, as autoridades estaduais poderiam se reunir e mandar fazer um estudo sobre o assunto. A fundamentação será sempre determinante para tomadas de posição.”

Há duas semanas, logo depois de revogado o decreto de desapropriação, o governador Wilson Martins determinou que as secretarias de infraestrutura, transportes e meio ambiente realizem um estudo técnico de viabilidade para a construção de um novo sítio aeroportuário na zona sul de Teresina ou então no município de Demerval Lobão, que, segundo ele, possui áreas mais planas. O estudo já está em andamento. Um empreendimento desse porte muda a vida de qualquer comunidade. Por isso, não faltam mobilizações de todas as partes possíveis e imagináveis na Grande Teresina. Na zona sul da capital, o líder Ascânio Sávio, declarou ao programa “Revista da Manhã”, da Rádio Teresina FM, na sexta-feira (27):

“Nossa região merece receber a construção do aeroporto porque temos um grande número de empresários. Para que se tenha ideia, somos os maiores contribuintes do município. A zona sul paga o maior volume de impostos. Nunca tivemos grandes investimentos, por isso vamos lutar para receber o aeroporto.”

Ou seja, o aeroporto será uma realidade, e precisamos estar atentos, devidamente mobilizados, para exigir a parte que nos cabe. Temos a melhor condição para receber tal empreendimento, tanto em localização quanto em geografia. De Altos pode-se seguir rapidamente em direção ao litoral, ao delta do Parnaíba, Pedro II, regiões turísticas de Lençois Maranhenses (MA) e Jericoacoara (CE). Dentre outras vantagens. Claro que algumas pessoas podem ser contrárias por questões ecológicas, mas todo investimento desse porte é precedido de um estudo de impacto ambiental que recomenda medidas compensatórias. Ademais, um aeroporto transforma completamente, para melhor, a vida de qualquer população, trazendo desenvolvimento em larga escala. Desenvolvimento é mais emprego, geração de renda e oportunidades de crescimento pessoal e profissional.

Atualmente existe uma polêmica sobre o paradoxo desenvolvimento e sustentabilidade, mas é certo que a relevância ao considerar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o IDS (Índice de Desenvolvimento Social) são importantes para aferir o grau de desenvolvimento de um país. São eles que equivalem índices de renda, escolaridade e longevidade como forma de qualidade de vida. Ora, se não houver condições materiais de desenvolvimento, não haverá como galgar tais patamares, sendo necessária a utilização racional das diversas formas de exploração do meio ambiente, mas de forma responsável e equilibrada. Porém, ao se comprometerem a reduzir a emissão de gases na atmosfera, os países admitiram ainda explorar os recursos naturais, contudo o fizeram atentos à esta responsabilidade social com o meio ambiente. Portanto, reduzir a emissão de gases não quer dizer que não mais emitirá, apenas quer dizer que limitará, pois a industrialização é necessária para o desenvolvimento de qualquer país.

O crescimento da população e a utilização racional dos recursos naturais, compreende um compromisso de gestão com a qualidade de vida, mas essa qualidade de vida compreende a educação, o emprego e a possibilidade de alternativas de trabalho e fontes de rendas, entre elas aquelas advindas do turismo, o que á bastante pertinente ao nosso caso em apreço.

Atenciosamente,
Marcondes Gomes de Araújo (advogado) e Toni Rodrigues (jornalista)