Altos tem dessas coisas. Somente agora tive tempo de ouvir a entrevista concedida pelo promotor Raulino Neto à Rádio Vale FM no sábado, dia 5 de novembro, quando fez uma série de ataques absolutamente gratuitos à minha pessoa. Entrevistado pelo apresentador Ayres Filho, cuja voz estava completamente embotada, o mencionado promotor, primeiro, fez um grande número de autoelogios, colocando-se, ele próprio, como o pai da virtude. Ninguém no mundo é mais correto do que ele, segundo suas próprias palavras. Uma falácia. Mas vamos aos fatos.
O sr. Raulino Neto disse que faltei com a ética porque escrevi sobre sua presença em evento da prefeitura no qual se lançou o livro do meu dileto amigo Carlos Dias, intitulado "Prata de Lei", sobre a vida de Zé da Prata, maior dos poetas altoenses. Raulino Neto estava presente e fez um discurso de elogio ao prefeito José Batista Fonseca, de quem se diz adversário. Aliás, de adversários como ele é que Dr. Fonseca precisa para continuar semeando o desastre na administração do município.
Segundo ele, faltei com a verdade porque não estava presente ao acontecimento, tendo me baseado em declarações de terceiros, e teria, por isso, distorcido suas palavras. Não procede. Suas afirmações, em minha crônica, foram colocadas dentro de um contexto no qual a essência foi preservada. Ele, de fato, fez elogios à administração de sua excelência o prefeito. Falou que Dr. Fonseca realiza uma gestão profícua no âmbito cultural, o que, sinceramente, não é verdade. Isso é falta de ética, dr. Raulino, faltar com a verdade, pronunciar-se enganosamente em tom bajulatório.
O promotor se excede ao dizer que faltei com a ética. Acabo de provar que não, que fiz um relato sério, baseado em informações verdadeiras que me foram repassadas. Ele acredita que um jornalista só pode relatar um fato se estiver presente. Gostaria que o promotor me explicasse como é que um profissional de imprensa poderia ter relatado os episódios do tsunâmi no Japão estando no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa. Isso mostra que o dr. Raulino pode até entender de falácia, mas de jornalismo quem entende sou eu, que sou profissional. Imagino que ele está carente de tentar entender sua própria atuação como promotor, tendo em vista que passa o tempo inteiro louvando suas próprias ações, que nem sabemos se são verdadeiras. Imagino que algumas talvez até que sejam. Mas não todas.
Ademais, gostaria que ele nos explicasse como é que fala de ética e passa mais de uma hora supostamente concedendo uma "entrevista" para um indivíduo que se apresenta como radialista e que está completamente embriagado no ar durante a programação pseudojornalística de sua emissora. Certamente o promotor tem um conceito de ética diferente do verdadeiro. Ele não suporta a verdade e pelo tom de suas afirmações se daria muito bem como censor durante a ditadura militar. Jornalistas como eu jamais poderiam exercer o seu direito de crítica.
O promotor também me acusa de estar a serviço do líder político Espedito Pacífico, presidente do diretório municipal do meu partido, o PTB, ao escrever sobre sua malfadada atuação como promotor de Justiça. Engano dele. Nunca estive a serviço do companheiro Espedito. Somos amigos e partidários. Defendi sua candidatura a prefeito em 2004 e 2008. Ele afirma que será novamente candidato em 2012. O futuro é que dirá, porque a Deus pertence. Podemos fazer planos e o Criador desmanchar todos eles. O fato é que não estou a serviço de ninguém a não ser da minha própria consciência crítica. Um promotor de Justiça não está acima da lei. Ele é empregado público e deve satisfações ao povo. Tenho todo o direito, como cidadão, de questionar os seus atos, principalmente quando apresentam indícios de engajamento em projeto administrativo voltado totalmente para a corrupção, como o que atualmente comanda o município de Altos. Ele não se cansa, na mencionada entrevista, de fazer elogios ao prefeito, a quem se refere "a maior liderança política do município."
Vai adiante. Diz que pertenço atualmente ao grupo liderado por Espedito Pacífico mas que em oportunidades anteriores já pertenci ao grupo de Dr. Fonseca. Todos em Altos sabem disso, dr. Raulino, não é segredo para ninguém. Estive no grupo do atual prefeito na época em que, bastante jovem, acreditava na sua capacidade de liderar os destinos de nosso município em direção a um futuro glorioso. No momento em que percebi que nada disso aconteceria, simplesmente saltei fora. É um direito que tenho. Todos temos o direito de evoluir. Nascemos sem saber caminhar, de repente começamos a dar os primeiros passos e então passamos a andar com firmeza. Isso é parte da evolução humana. A mesma coisa acontece com a nossa consciência política. Infelizmente, alguns optam pelo caminho contrário. Preferem se rebaixar. Daqui a pouco estarão andando como chimpanzés.
Deploro a atitude do promotor Raulino Neto em afirmar que agi motivado pelo ciúme porque o prefeito não patrocinou o meu livro recente "Um Repórter". Primeiro, não pedi patrocínio ao prefeito e nem a ninguém. Segundo, tenho 15 livros publicados, apenas um deles, "Altos Passado e Presente", foi em parte financiado pela municipalidade, em parceria com a Fundação Cultural do Estado do Piauí, mas como parte de um programa de recuperação da história de Altos. Não aceito nenhuma graciosidade. Por outro lado, também deploro suas ameaças de processo contra quem quer que seja. Péssimo procedimento para quem quer ser político e precisa de votos, a disseminação do terror. Pois digo que não tenho medo de ameaças nem de processos.
Ele participou de outros eventos da prefeitura, a exemplo da inauguração de uma estrada na localidade Novo Caititu (Atenção: as inaugurações recomeçaram, pois o período eleitoral se aproxima). Aparece em várias imagens em site do executivo municipal ao lado do prefeito e de auxiliares do mandatário. O que não entendo é o que tem a ver um promotor de Justiça com a inauguração eleitoreira de uma estrada!? A ética de dr. Raulino talvez explique. Coloco as fotos abaixo para que a própria população faça o seu julgamento.
Nada tenho de pessoal contra o dr. Raulino Neto. O que fiz, e voltarei a fazer quantas vezes necessário, foi exercer o meu direito de crítica em relação ao comportamento de um representante do Ministério Público. Repito: Ministério Público. Onde está a agressão pessoal em questionar os procedimentos de um agente público?! A não ser que o dr. Raulino seja uma exceção e por conta de certa arrogância não aceite a contestação, que é própria do jornalismo. Melhor do que a bajulação explícita que lhe fora feita pelo apresentador da Vale FM que o entrevistou e que ele muito adequadamente considera como uma postura extremamente ética. Ele e seus alguns bajuladores, pessoas deprimentes que ele mantém na cidade de Altos para recolher histórias nas rodas de conversas e depois repassar-lhe com os exageros muito próprios desse tipo de comportamento. Até mesmo informações de processos em andamento no Fórum da cidade são recolhidas sorrateiramente e repassadas ao promotor numa atitude que ele não considera antiética. Imagino que o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) não pense do mesmo jeito (digo "pense" como figura de linguagem, retórica discursiva, e faço tal ressalva antes que o intelectual de gabinete venha querer me passar descompostura por imaginar que uma figura jurídica tenha a capacidade de "pensar". Na verdade, tem a capacidade de pensar e também de agir, afastando membros que não estejam agindo de acordo com os ditames da lei).
Sou fã de Ernest Hemingway, vencedor do prêmio Nobel e autor de clássicos como "O Velho e o Mar" e "O Sol Também se Levanta". Ele esteve na Espanha durante a Guerra Civil, em 1937, e acabou envolvido naquele sangrento conflito. Hospedado em Madri enquanto assistia à destruição da cidade, escreveu sua única peça teatral, "A Quinta-Coluna", que transporta o leitor aos horrores daquelas batalhas. Mostra a atuação vergonhosa de um grupo de pessoas que se infiltrava junto aos revoltosos para passar informações aos opressores da população. Pelo andar da carruagem, ao invés de ser tratado como oposicionista, pelo seu comportamento em relação ao governo municipal, o promotor e líder do PSDB em Altos poderá tranquilamente ser enquadrado no mesmo perfil. Simplório.
Para encerrar, comento aqui uma afirmação do sr. Ayres Filho, que disse: "Só tem uma coisa que tenho a falar do Toni Rodrigues. É que ele só anda em Altos em tempo de política." Fico triste com esse tipo de coisa porque mostra que o Ayres não consegue evoluir nem como profissional nem como ser humano. Eu não ando em Altos apenas em tempo de eleição. Eu moro em Altos. Resido na rua Vicente Pestana, 274, em casa própria, juntamente com minha família - mulher, Pedrina, e filho, Pedro. Renunciei a um apartamento que tinha em Teresina para viver em Altos, onde me sinto melhor ao lado de tantos amigos e familiares. Lamento apenas que de vez em quando certos indivíduos, visivelmente afetados pela embriaguez alcoolica, tentem denegrir essa relação tão amorosa que tenho com o município.
O promotor Raulino Neto já aparece até na página oficial da prefeitura municipal de Altos. Clique aqui e confira as imagens de evento político na localidade Novo Caititu.
Para finalizar, não acredito que com tantas provas de atrelamento político ao grupo do prefeito o sr. Raulino Neto ainda queira se colocar como pré-candidato de oposição. O tempo se encarregará de confirmar: ele está dizendo uma coisa e pretende fazer outra. A não ser, é claro, que esteja sendo vítima de um embuste, procedimento bastante comum na biografia do atual prefeito de Altos. Eles talvez se mereçam.
As imagens mostram Raulino Neto participando de eventos ao lado do Prefeito José Batista Fonseca e outros.
Fonte: Blog do Toni Rodrigues