“No céu não haverá tristeza, doença, nem sombra de dor. E o prêmio da fé é a certeza de viver feliz com o Senhor." (Canção Católica).
No último domingo, 22 de dezembro de 2013, nossa companheira Maria dos Anjos Silva, a Dona Dú, partia para a morada eterna. Cumpria-se na vida daquela mulher batalhadora e destemida a sentença de Paulo, em sua 2ª Epístola aTimóteo, capítulo 04, versículos 07: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Tinha ela 75 anos e era natural desta cidade de Altos, terra que amou e por quem tanto batalhou com sua garra de mulher guerreira e decidida. Aqui nasceu em 02 de agosto de 1938.
Dona Dú foi uma das mais conscientes e batalhadoras mulheres pela moralização da política altoense.
Membra da comunidade religiosa da Capela de Santa Teresinha, nos bairros SãoLuís/Santo Antônio, da qual foi Dirigente por duas ocasiões (1987-1989; 1995-1996).Ainda na atividade religiosa, foi Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão Eucarística na Paróquia de São José,agente da Pastoral da Criança e Presidente das Comunidades Eclesiais de Base (CEB's). No campo social, foisócio-fundadora da Cooperativa Agroindustrial dos Pequenos Produtores de Altos (COOAPP) e integrou a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da mesma cidade.
Militante sindical das mais aguerridas; participou ativamente do Partido dos Trabalhadores (PT), por cuja sigla foi candidata a Vereadora e Vice-Prefeita de Altos, não logrando êxito nas eleições daquele pleito municipal de 1996, quando foi candidata a Vice-Prefeita, em chapa encabeçada pelo professor Raimundo Lopes.
Após padecer longos anos, vitimada por uma aneurisma cerebral e outras complicações que a acometeram, nossa guerreira descansou para sempre, entregando – ou melhor, devolvendo – seu espírito a Deus no dia 22 de dezembro de 2013.
No dizer de seu amigo e correligionário Marcelo Mascarenha, “Dona Dú foi exemplo de dignidade e compromisso com a luta pela libertação dos oprimidos. Enquanto teve saúde, participou ativamente de todas as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras de nossa cidade”. Relatou ainda Marcelo que Dona Dú foi sua inspiração para ingressar na política partidária, afirmando que nos encontros que tinham“suas palavras proféticas eram lâmpadas na nossa caminhada”.
A também já falecida Francisca Trindade, Deputada Estadual e Federal pelo Piauí, gostava de dizer que toda vez que desanimava, lembrava da imagem simples e corajosade Dona Dú e da sua alegria de viver e de lutar.
Por sua garra e determinação, era admirada por muitos, que mesmo sem conhecê-la pessoalmente, nutriam por nossa personagem elevada consideração. É o que se pode verificar através das mensagens postadas quando do seu falecimento:
“Vá com Deus, mulher de tantas lutas e conquistas. Já está com o Pai, com certeza”. (Professora Nete Alves)
“Exemplo de mulher, companheira de luta que com sua simplicidade fazia com que os cultos ficassem calados para ouvi-la”. (Sindicalista José Roberto da Silva)
“Que Deus a receba de braços abertos...” (Professora Almira Cardoso)
“Grande guerreira, Deus lhe dê um bom lugar!”. (Professora Maria Irene do Nascimento)
Hoje, 02 de Janeiro, estamos há 11 dias do seu desenlace, e ainda podemos sentir vibrar fortemente sua palavra amiga e firme, seus conselhos sinceros e precisos, sua atitude e ação consciente,determinada a alcançar a meta de proteger o menos favorecido contra a ganância dos patrões egoístas. Era ela um exemplo de cristã e cidadã, na plena e efetiva construção do Reino de Deus, já aqui na Terra.
Siga em paz, Dona Dú. Seu exemplo e determinação permanecerão vivos entre nós por incontáveis anos.
Você se foi, mas deixou um exemplo que jamais será esquecido. Parafraseando São Paulo, em sua 2ª Carta a Timóteo, nós, familiares, parentes,amigos e admiradores, dizemos: “Resta-lhe agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, lhe dará naquele dia; e não somente a você, mas a todos aqueles que aguardam com amor a Sua aparição”.
Até um dia, companheira.
Por Carlos Dias, professor e pesquisador