Sabe-se hoje, pelo próprio contexto da economia mundial e brasileira, que o ensino técnico é o caminho mais rápido para o emprego. A especialidade conquistada num determinado curso ou setor da economia é uma forma de garantir participação mais rápida na vida produtiva.
Por causa disso é que hoje se investe tanto no ensino técnico, que garante ao aluno o aprendizado de uma profissão em poucos anos e ao mesmo tempo a garantia de espaço de trabalho. Os próprios estudantes fazem afirmações desse tipo quando questionados sobre a razão de estarem numa escola assim.
Um deles afirma: “Eu resolvi porque quero voltar para o mercado de trabalho.”
O outro diz o seguinte: “Decidi entrar aqui para aprender mais coisa e mais para frente, se der, entrar na faculdade.”
Um terceiro depoimento: “O mercado precisa de qualificação e o técnico é perfeito para essa área.”
Infelizmente, o Piauí ainda investe pouco nesse campo da educação. Parece acreditar que é responsabilidade apenas do governo federal. Por causa disso, os governos estaduais e municipais simplesmente ignoram, fazem de conta que não é com eles.
Alguns decidiram assumir os investimentos, outros nem tanto. O importante é buscar parcerias, unir os diversos segmentos de poder para assegurar melhores condições para a sociedade.
Neste caso, melhores condições significa emprego garantido em qualquer tempo, seja com carteira assinada, seja por conta própria. O técnico formado terá sempre uma oportunidade diante de si.
Os estados mais ricos são os que mais avançam neste sentido. Tome-se como exemplo o caso de São Paulo.
No estado existem atualmente 186 escolas técnicas, mais de 180 mil estudantes. Ao fim de cada ano, quando se formam, pelo menos 72% dos estudantes estarão empregados.
Isso é o que revela uma pesquisa do Ministério da Educação feita no país todo. Uma recente reportagem da TV Globo mostrou a situação do jovem Gabriel Rosa Oliveira Lacerda.
Ele ainda nem domina direito tantos fios e circuitos, mas já arrumou um estágio.
E conta, exultante: “Foi um amigo meu, dessa sala, que me indicou. Eu acho que eles dão mais valor pelo curso. É na área que eles trabalham, então o curso ajuda muito.”
O salário de um técnico em eletrônica em São Paulo, um ano depois de deixar a sala de aula, pode passar de R$ 1.800.
Almerio Melquiades de Araújo, coordenador de ensino médio e técnico, ensina: “Existe uma relação direta entre a formação técnica e determinados postos de trabalho. É uma coisa muito focada, muito direta e rápida. Em médio 1 ano e meio a 2 anos.”
Hoje, 10% dos estudantes brasileiros que cursam o ensino médio optam pelo ensino técnico. Em outros países essa proporção é maior. Na Argentina é de 25%, no Chile, 35%. Na Espanha, são 30% e na Alemanha chega a 50%.
Não é sem razão, pois, que estes países apresentam um maior índice de desenvolvimento humano, social, econômico e até político.
Os jovens devem levar em conta outra lição. É que o ensino técnico não precisa ser o fim da linha. É só uma forma de se profissionalizar. Dá para continuar estudando e entrar numa universidade. As escolas deveriam, bem cedo, ainda no ensino fundamental, aconselhar, ajudar o estudante a enxergar essa possibilidade.
Em 2008, apresentamos proposta com este objetivo, da criação de uma escola técnica municipal. Mostramos, com base em dados do MEC e Ministério do Trabalho, que existem mais estudantes em cursos superiores do que na área técnica.
Em contrapartida, existem mais vagas de trabalho para o setor técnico. O MEC dispõe de recursos para prefeituras que queiram implantar suas próprias escolas de ensino técnico e profissionalizante.
O que fizemos foi defender a abertura de um debate sobre o tema por entendermos que Altos já não pode mais ser tratado como mero exportador de mão de obra semiescrava para corte de cana no interior de São Paulo ou para fazendas no interior do Pará em que os que não são assassinados pelos feitores e capatazes, terminam estropiados e só conseguem voltar para casa, para o convívio dos seus, depois de fugir ou ser resgatado por operações dos fiscais do MTE.
Defende-se, portanto, a criação da Escola Técnica Municipal de Altos para o que a prefeitura deve buscar parcerias com os governos estadual e federal e até, quem sabe, com organizações não governamentais, do Brasil ou do estrangeiro, que financiam esse tipo de investimento.
Acreditamos que assim estaremos cuidando melhor do futuro de nossa população jovem.
Por Toni Rodrigues/Portal Altos