É comum em fins de mandatos prefeitos alegarem que não tem como cumprir com as obrigações financeiras. Salários atrasados e obras paradas são algumas das dificuldades enfrentadas pela população de várias cidades do Piauí. Em muitos casos, a causa dos problemas é o desvio de recursos.

Na cidade de Altos, região Norte do estado, a quadra de esportes de uma escola municipal, que deveria ter sido feita pela prefeitura, nunca saiu do papel. Mas a verba de R$ 116 mil foi liberada.

Segundo o aposentado, Antônio Sobrinho, vários prefeitos que passaram pela gestão do município prometeram a construção da quadra, que nunca foi concluída. "Do tempo que prometem essa quadra, já era para estar pronta", reclama.

Outro problema para a cidade, que tem mais de 39 mil habitantes, é a falta de uma rodoviária. Em 1997, teve início a construção do primeiro terminal de passageiros, na BR-343, mas a obra nunca foi finalizada. Em 2001, outra rodoviária começou a ser erguida, mas também não foi concluída.

Além disso, alguns servidores municipais de Altos estão com os salários do mês de novembro atrasados e também ainda não receberam o 13º salário. "A gente sempre conversa com o prefeito. Mas quando dificilmente ele nos recebe, sempre alega que não tem dinheiro", diz o presidente do sindicato dos servidores municipais, Valdervan Solano.

Em 2011, o Ministério Público do Piauí abriu 179 procedimentos que tratavam sobre corrupção no estado. Somente em 212, já foram registrados 225 procedimentos.

Para Arimatéia Dantas, coordenador da Marcha Piauiense Contra a Corrupção, os recursos que não são bem aplicados têm um impacto imediato nos serviços prestados à população. "Existe uma gama de situações em que os direitos fundamentais, saúde; merenda escolar e transporte de alunos, são negligenciados por conta da corrupção", conta.

Pela lei, caso fique comprovado que o prefeito desvia recursos e não faz a prestação de contas, o gestor poderá preso e ter a suspensão dos direitos políticos por 10 anos. De acordo com o Procurador da República, Marco Túlio Caminha, só em 2012, 16 prefeitos do Piauí tiveram mandatos cassados por corrupção. Com isso, o ex-gestores tiverem que devolver aos cofres públicos cerca de R$ 708 mil.

Ainda segundo o promotor, os números poderiam ser bem maiores se não fosse a morosidade da Justiça. "O julgamento definitivo, em um país como o Brasil, não pode passar de dois anos, a fim de evitar as prescrições e para que os corruptos sejam recolhidos à prisão e cumpram definitivamente as penas pelos crimes que cometeram", diz.

Confira o vídeo em: (http://g1.globo.com/pi/piaui/pitv-2edicao/videos/t/edicoes/v/populacao-de-muitas-cidades-do-piaui-sofre-com-descaso-da-prefeituras-no-fim-do-mandato/2289305/)

Fonte: TV Clube