A Delegacia de Homicídios divulgou nesta quarta-feira (14) detalhes do assassinato do jornalista Elson Feitosa, 38 anos. O crime foi caracterizado como latrocínio, arquitetado supostamente por um ex-namorado da vítima e foi praticado com requintes de crueldade. Elson foi morto a pauladas e asfixia mecânica e teve seu corpo parcialmente queimado.

A polícia prendeu Madson Pereira Costa, 20 anos, que teria namorado a vítima há cerca de um ano e o teria atraído até a cena do crime; José Carlos Pacheco de Araújo, 24 anos, conhecido como JP e Misael da Conceição Barbosa, 19 anos, que teriam supostamente ajudado na ocultação do corpo de Elson na cidade de José de Freitas. 

De acordo com o delegado Danúbio Dias, a vítima foi atraída, no dia 02 de outubro, para uma casa localizada no bairro Piçarreira, próximo ao 11º DP, sob o pretexto de uma orgia sexual. O imóvel foi alugado pelo pai e um tio de Madson, que não sabiam dos planos do rapaz. Na casa localizada na rua Major Sebastião Saraiva, Elson foi morto.

Detalhes do crime

“O suspeito pulou o muro e abriu o portão da casa, às 19h30 do dia 02. Elson estacionou o carro, um Gol prata, ano 2007, na garagem. Quando Elson entrou na cozinha, Madson desferiu um golpe na cabeça da vítima com um taco de madeira. José Carlos ajudou a matar a vítima. Ele segurou Elson para que Madson pudesse bater nele e conta que não consegue esquecer a cena da vítima pedindo piedade. Ele está muito abalado”, descreve Danúbio Dias.

Ainda segundo o delegado, Elson não morreu com as pancadas na cabeça e sim por asfixia mecânica. Os suspeitos enrolaram o corpo da vítima em um lençol e colocaram no porta malas de seu próprio carro.

Eles seguiram pela avenida Presidente Kennedy, onde pararam em um posto de combustível para abastecer uma moto, conduzida por JP, que seguia o carro de Elson dirigido por Madson. Nesse momento, Madson desceu - "friamente", segundo descreve o delegado - do carro e pegou R$ 50 da carteira da vítima, que ainda estava junto com o corpo no porta malas.

Os suspeitos teriam ido até a localidade Campestre, ja na saída de Teresina em direção a José de Freitas, onde compraram dois litros de gasolina, armazenaram em um recipiente plástico e utilizaram na destruição do corpo de Elson.

"O Misael foi chamado para participar do crime e no início resistiu, mas depois o JP encorajou ele a participar. Ele não podia ajudar muito, porque estava com o braço quebrado. Mas ele morava próximo ao local onde o corpo foi encontrado, o que reforçou a linha de investigação da polícia", informou o delegado Danúbio.

Linha de investigação

"Nós partimos do princípio de que os autores do crime eram do círculo de amizades da vítima, porque o modus operandi comum de um latrocínio não é de tentar destruir o cadáver. Sabíamos que era alguém próximo da vítima. Além disso, o local onde o corpo foi encontrado é de difícil acesso, somente alguém que morasse perto podia saber exatamente como ir e voltar. E eles desovaram o corpo rapidamente", informou.

O delegado destacou que a ajuda da família foi fundamental para a resolução do crime. Ao obter as informações das contas bancárias de Elson, a polícia detectou que os suspeitos tentaram fazer compras no valor de R$ 4 mil em um supermercado da zona Leste da capital no dia seguinte à morte do rapaz. Na loja, os três tentaram comprar relógios e celulares.

Imagens

Câmeras de segurança do supermercado e de um posto de combustíveis flagraram os três suspeitos. Ao conversar com uma testemunha que havia encontrado a vítima um dia antes de sua morte, a polícia obteve a informação de que Elson havia marcado um encontro com um homem de nome Madson. A vítima chegou a enviar uma fotografia de Madson, em um motel de Teresina, para essa testemunha.

"Nós tínhamos um nome e conseguimos recuperar essa fotografia, que foi apagada pela testemunha. Fomos então em busca dos amigos da vítima em redes sociais, encontramos um Madson e conseguimos ver que eles mantinham contato. Quando comparamos a imagem enviada com fotos do perfil do Madson, vimos que era a mesma pessoa. Ele estava com o mesmo colar e tinha a mesma característica da sobrancelha feita", descreveu o delegado.

As imagens das câmeras de segurança também ligaram os suspeitos ao crime. O carro da vítima foi visto nas imagens e encontrado no estacionamento do supermercado. As roupas usadas pelos suspeitos nas imagens eram semelhantes às peças encontradas nas casas dos três homens presos e testemunhas dos estebelecimentos comerciais reconheceram os três por fotografias como os clientes que usaram os cartões de Elson no dia 3 de outubro.

Motivo do crime

O coordenador da Delegacia de Homicídios, delegado Francisco Baretta, disse que o crime tinha sido previamente combinado para que os suspeitos fossem a uma festa em Altos.

“Tinham acordado que iam participar na manhã de sábado um aniversário em Altos e foram utilizando o carro da vítima e os cartões. É tanto que o Madson disse: nós vamos dar um tiro, mas temos que 'fazer uma pessoa', que é matar um indivíduo, então todos três sabiam que iam praticar um roubo seguido de morte”, afirmou Baretta.


Da esquerda para a direita: José Carlos Pacheco, Madson Pereira da Costa e Mizael Conceição Silva - Foto: O Dia

Fonte: Cidade Verde