O escotismo altoense está de luto. Na madrugada dessa 3ª feira, 22 de janeiro de 2019, faleceu no Hospital Chagas Rodrigues em Piripiri-PI, o Chefe Escoteiro Arnaldo de Sousa Barros, de 53 anos, fundador do Grupo de Escoteiros Aldrin Barbosa.

Ele estava internado desde 6ª feira passada na UTI do Hospital Chagas Rodrigues, de Piripiri, com problemas de diabetes e complicações renais. Tendo se agravado seu quadro de saúde no início desta madrugada, terminou vindo a óbito às 02:00 h da madrugada de hoje, por insuficiência renal.

Chefe Arnaldo, como era popularmente conhecido, foi o Comandante dos Escoteiros de Campo Maior-PI, grupo criado em 1972 e quefoiresponsável pela formação de vários jovens campomaiorenses.Comissário Distrital do Escotismo brasileiro.

Contador e professor, prestou seus serviços por vários anos ao município de Campo Maior, atuando no setor de Tributos e na educação daquele município.Exerceu o magistério na escola Professor Hilson Bona, onde ministrava aulas de Contabilidade. Foi Coordenador da Unidade Municipal de Cadastramento Fundiário da Prefeitura de Campo Maior.

Escoteiro de coração, foi fundador do antigo Grupo de Escoteiros São José, hoje 18º G. E. Aldrin Barbosa, da cidade de Altos-PI, em 1983, juntamente com o Padre José Lisardo Pontes Neto, então Pároco da Paróquia de São José.

Fiel seguidor do movimento, Chefe Arnaldo durante a sua existência cumpriu à risca a máxima de Baden Powell, segundo a qual “o melhor meio para alcançar a felicidade é proporcionando aos outros a felicidade”.

O professor Marcelo Barros, sobrinho de Chefe Arnaldo, informou que o corpo estásendo velado no Espaço Campo Santo, ao lado do Hospital Regional de Campo Maior, e o sepultamento acontecerá às 17 horas, no Cemitério São João, da mesma cidade.

Uma (simples) homenagem

Como Comissário Distrital e padrinho de Aldrin Barbosa, proferiu em 05 de setembro de 1986 emocionadas palavras em homenagem a seu afilhado tragicamente desaparecido. Em sua mensagem, Arnaldo dizia: “Antes de tudo, a morte não é nada demais, talvez um desaparecimento que dói em nosso coração e irá durar por dias, messes, anos, sei lá.Para onde foram os que morreram? Em busca de Deus, paz e se encontrar com nossos irmãos no grande acampamento”.

Fazendo eco a suas palavras, pronunciadas há 32 anos atrás,hoje, quando a dor da saudade nos invade a alma, utilizamos de sua própria inspiração poética para encontrarmos alento neste momento de dor e pesar:

Quando o grito de vitória dos sêniores é nada
De sua voz destacável sentimos ausência;
Quando caminhamos de mãos entrelaçadas
De teu aperto fraterno sentimos carência.

Na barraca ainda existe o seu recanto de dormir
Na nossa sede ainda mora a tristeza aturada
Em seu nome, uma prece temos sempre a dirigir
Para o acampamento eterno, onde agora é sua morada.

Mora em nós a esperança de um dia nos encontrarmos
Quando para o acampamento eterno um dia Deus nos chamar
Novamente nos uniremos para nunca nos separarmos.

Não podemos injuriar o destino que Deus fez
Mas podemos perdoar, sempre e ser feliz
Quando alguém de ti não lembrar com amor e altivez.

Descanse em paz, grande guerreiro! Hoje você retornou ao grande acampamento.



Breve histórico da fraternidade escoteira local

O movimento escoteiro na cidade de Altos teve início no dia 12 de outubro de 1983, quando um grupo de jovens escoteiros comandado pelo chefe Arnaldo Barros estava acampado na Praça Cônego Honório e convidou os jovens a ingressarem no escotismo.Os jovens altoenses se entusiasmaram com o convite e alguns outros eventos promovidos, aderindo à instalação do movimento.

Surgindo a necessidade de uma denominação para o grupo, foram propostos os nomes de João de Paiva e São José, sendo que o escolhido foi o nome do padroeiro da cidade, devido à ligação que o grupo tinha com a igreja católica local, pois sua vinda para Altos se deu por intermédio do Padre José Lisardo Pontes Neto, que convidou o grupo de Campo Maior para fundar um grupo de escoteiros em nossa cidade.

Entendia o sacerdote que a cidade necessitava de um grupo de escoteiros e os jovens de Altos não tinham conhecimento de como funcionava tal movimento.

Efetivamente, no dia 21 de janeiro de 1984, às 17 horas, foi fundado o Grupo de Escoteiros São José, registrado em Brasília junto à Direção Nacional (U.E.B.) com o número 18º/PI. Naquele dia foi realizada a promessa de 15 escoteiros e dois chefes. A solenidade foi presidida pelo chefe Luiz Carlos e aconteceu na igreja matriz de São José.

Os primeiros chefes do grupo foram José Francisco Alves Costa (Costinha), Waldinar Pereira Costa e Expedito Pinho.As 04 primeiras patrulhas fundas foram: Touro (Gilvan), Lobo (Aldrin), Maçarico (Neto) e Corvo (Zenon).Depois a patrulha Corvo passou para o comando do Monitor Neto e a Maçarico para o comando doMonitor Zenon Lima.

No dia 30 de agosto de 1986 o escoteirosênior AldrinArthemis Dantas Barbosa faleceu em um trágico acidente automobilístico na BR 343, à altura da fazenda Formosa, no município de Altos-PI.Tinha ele 17 anos de idade.

Com seu falecimento, o G. E. São Joséteve seu nome alterado, pois a diretoria, juntamente com a chefia e o chefe Arnaldo Barros resolveram homenagear um dos mais notáveis membros de seu grupo. Assim, em reunião realizada na Unidade Escolar Mário Raulino, foi deliberada a mudança do nome da agremiação para Grupo de Escoteiros Aldrin Barbosa, situação que ainda hoje permanece.


G. E. Aldrin Barbosa em acampamento.


Foto histórica do G. E. Aldrin Barbosa, vendo-se, dentre outros, o Chefe Arnaldo Barros (1º à esquerda), o Chefe Waldinar Costa e o ex-Vereador Antônio Gonçalves da Costa Neto (Antônio do Santo). Registro feito na Praça Cônego Honório, em frente à igreja de São José


Por Carlos Dias, professor e historiador