O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Fernando Correia Lima, informou que a entidade irá realizar apuração acerca do acidente envolvendo o médico Marcelo Martins de Moura, no último dia (09), desde que seja acionada oficialmente. A família já se manifestou e informou que irá pedir a cassação do diploma de Marcelo. Após a colisão entre a Hilux, dirigida pelo médico, e o carro Siena, em que os cinco ocupantes do veículo morreram, o médico se evadiu do local e não prestou socorro às vítimas.
"A pena a ser sofrida por ele tem mais relação com o Código Penal do que com o de Ética", comentou o presidente do CRM no Piauí. "Aguardaremos a denúncia da família para que possa ser instaurada uma sindicância e, só então, o Tribunal de Ética do Conselho irá julgar se o diploma será cassado ou não". Segundo ele, a entidade não pode agir acerca da conduta de Marcelo sem que haja uma denúncia formal.
O advogado dos familiares das vítimas, Edward Moura, já informou que ingressará com um processo junto ao CRM pedindo a cassação do registro profissional de Marcelo. "O CRM não está preocupado se houve acidente de trânsito ou quem foi o culpado pelo acidente, mas sim se houve omissão de socorro, que é obrigação médica, principalmente quando ele [médico] está envolvido no acidente", disse o advogado nesta quinta-feira (14).
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, uma das vítimas, uma mulher que estava no banco de trás do carro, sobreviveu por 20 minutos após a colisão, o que indica que uma ação de socorro durante esse período poderia ter salvado a vida da vítima.
"No momento da colisão, a maioria das pessoas teve morte imediata, mas uma senhora que estava no banco de trás ainda tinha sinais de vida até cerca de 20 minutos depois. Essa mulher não ficou presa às ferragens, não foi atingida, não apresentava fraturas expostas", contou o inspetor da PRF, Tony Carlos.
Segundo ele, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou rapidamente ao local do acidente, mas esse curto espaço de tempo até a sua chegada poderia ter feito a diferença. "É o que se chama, no atendimento hospitalar, de 'a hora de ouro'. Os dez primeiros minutos são muito importantes. Se ela iria sobreviver ou não, iria depender do grau de fratura, mas o fato é que poderia ter tido um atendimento", disse o inspetor.
O presidente do CRM comentou que o conselho prefere não fazer considerações sobre o caso envolvendo o médico até que uma ação formal chegue ao Conselho.
Fonte: O Dia