Atendendo solicitação da Secretaria da Assistência Social e Cidadania do Estado do Piauí, através da Diretoria da Unidade de Direitos Humanos – DUDH/Coordenação de Políticas Para Povos de Comunidades Tradicionais de Terreiros, a Secretaria Municipal de Cultura e Esporte de Altos-PI realizou no período de 22 a 31 de outubro do ano em curso o Mapeamento dos Terreiros de Umbanda de nossa cidade.

De acordo com a Gerência de Inclusão e Diversidade da Secretaria de Educação do Estado (SEDUC), a medida integra o Projeto Terreiros do Brasil, desenvolvido pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República-SEPPIR/PR e tem como objetivo “identificar necessidades, articular políticas públicas para o fortalecimento institucional e melhoria da qualidade de vida das comunidades tradicionais de terreiros do país.” (Ofício Circular do DUDH/SASC, de 23.08.2013).

O trabalho de mapeamento em Altos foi realizado pela Coordenação Municipal de Cultura, na pessoa do professor e pesquisador Carlos Dias, contando com a colaboração de 03 voluntários: Jéssica Guimarães, Luís Fernando Rabelo e Rubens Félix, que percorreram os bairros do município e duas localidades rurais para a execução da atividade.

Ao todo, foram detectados 17 terreiros em plena atividade, contando-se 03 desativados, alguns dos quais há pouco tempo, mas que continuam com os seus altares montados e o(a) chefe atendendo com o chamado gongá (mesa), ainda realizando seus trabalhos, mas sem a gira (baia) e o uso de tambores.

Nos bairros Ciana e Santa Inês está a maior concentração de terreiros, contando-se 04 na Santa Inês e 05 na Ciana.Somente na RuaConceição do Canindé, do Bairro Santa Inês, ficam localizadas 03 tendas: Terreiro Santa Joana (Antonio Grande), Tenda Nossa Senhora da Conceição (D. Conceição Barbosa) e Terreiro de Santo Antônio (Zé Olegário), ambos em frente um do outro.

A equipe que fez o mapeamento localizou também dois terreiros na zona rural:Tenda São Silvestre, no lugar Maribondo, próximo à localidade Belém, sendo esta uma filial da tenda de mesmo nome, situada no Bairro Ciana e pertencente à Madrinha Catingueira, e o Templo Nossa Senhora do Monte Serrat, na localidade Sapucaia, cuja mãe de santo é Dona Ester, auxiliada em Altos pelo jovem Oswaldo Camargos. O templo, de ampla e moderna construção, é uma filial de Teresina, cuja sede fica próximo ao residencial Francisco Marreiros, daquela cidade.

Ressalte-se a simpatia e boa vontade em ajudar de todos os zeladores de terreiro, pais e mães-de-santo visitados, que prontamente atenderam ao pedido e se disponibilizaram a oferecer as informações necessárias ao bom andamento dos trabalhos de cadastro feito pela equipe de Altos.

Com o mapeamento solicitado, pretende-se implantar ações e projetos educacionais, culturais e sociais voltados à valorização da cultura dos povos de terreiros.

Terreiros ativos – Zona urbana

1. Terreiro Santa Joana, de Antonio Vieira da Silva (Antonio Grande), na Rua Conceição do Canindé, n° 2338, BairroSanta Inês, existente há 19 anos;

2. Tenda Nossa Senhora da Conceição, de Maria da Conceição Barbosa Silva (Conceição Barbosa),na Rua Conceição do Canindé, n° 2253, BairroSanta Inês, existente há 03 anos;

3. Terreiro de Santo Antônio, de José Francisco dos Santos (Zé Olegário), na Rua conceição do Canindé, n° 2250, Bairro Santa Inês,existente há 03 anos;

4. Tenda São Jorge, de Isabel Dias da Silva Matos, na Rua Epitácio Pessoa, n° 2035, BairroSanta Inês, existente há 20 anos;

5. Tenda Nossa Senhora das Candeias, de Maria de Jesus Sousa Santos (Jesus Catuaba ou Dudu), na Rua Crucial,n° 1775, BairroCiana, existente há 20 anos;

6. Tenda São Silvestre, de Francisco de Sousa Lima Filho (Madrinha Catingueira), na Rua Cruzeta, n° 1931, Bairro Ciana, existente há 44 anos;

7. Tenda de São Raimundo Nonato, de Gonçalo Barros da Silva, na Rua Cruzeta, n° 349, Bairro Ciana, existente há 20 anos;

8. Tenda Espírita de Umbanda São Miguel Arcanjo, deMaria Isolda da Silva (Maria do Carrasco), na Rua Caxias, s/n°, Bairro Carrasco,existente há 04 anos;

9. Tenda Espírita de Umbanda São Sebastião, de Maria Paixão Leite (Mãe Pequena), na Rua Travessa São Raimundo, n° 300, Bairro Tranqueira, existente há 15 anos;

10. Tenda Espírita de Umbanda Nossa Senhora de Nazaré, de Cláudio Lopes de Sousa (Pai Cláudio de Ogum), na Rua São Clemente, n° 1351, Bairro Tranqueira, existente há 16 anos;

11. Tenda Santa Bárbara, de Antonia Germano de Oliveira (Antonia Germano), na Rua Projetada 16, n° 720, Bairro São Luís, existente há 21 anos;

12. Tenda de São João Batista, deJoão Batista de Oliveira (Mestre João Batista), na Rua José Olindo, n° 285, Bairro Batalhão, existente há 37 anos;

13. Tenda Espírita de Umbanda São Francisco, deMaria Sousa do Nascimento Cesário (Madrinha Neusa), na Rua Monsenhor Lopes, n° 321, Bairro Betânia, existente há 30 anos;

Terreiros ativos – Zona rural

1. Tenda Espírita de Umbanda São Silvestre (filial), de Francisco de Sousa Lima Filho (Madrinha Catingueira), nalocalidade Marimbondo, s/n°, existente há 05 anos;

2. Templo de Nossa Senhora do Monte Serrat, de Maria do Desterro de Sousa (Mãe Ester), nalocalidade Sapucaia, s/n°, existente há 02 meses;

Terreiros desativados

Por conta de problemas de saúde e até mesmo dificuldades financeiras de seus pais/mães-de-santo, alguns terreiros encontram-se atualmente desativados. São eles:

1.Tenda Nossa Senhora da Conceição, de Teresa Rosa de Andrade,na Rua da CHESF, s/n°, BairroCiana, criado em 2003;

2. Tenda de São Jorge, de Maria Antonia Soares (Antonia Monteira), na Rua Santo André, n° 2401, BairroCiana, criado em 1991;

3. Tenda Espírita de Umbanda Bom Jesus dos Navegantes, do Sr. Pedro Pereira da Silva (Pedro Cego), na Rua Colinas, n° 1700, Bairro São Luís;

4. Tenda Nossa Senhora da Conceição, da Srª. Maria de Nazaré dos Santos, na Rua Anísio de Abreu, Bairro São Luís, próximo à conhecida Lagoa da Gerusa;

5. Tenda Santa Bárbara, da Srª. Rita Bernardina de Lima (Madrinha Rita), na Rua Miguel Monteiro, n° 2453, Bairro São Sebastião.

Produção científica sobre o tema

A prática umbandista é muito forte em nossa cidade. Desde longa data esta manifestação religiosa vem sendo praticada, contando-se terreiros que existem há mais de 04 décadas e vários outros que foram desativados com a morte dos pais e mães-de-santo, a exemplo dos salões do Sr. Rodrigo, Luís Teresa, Mariona, João Francisco, Antonio Cafuringa e outros.

Percebendo o tema como objeto de fértil produção historiográfica, dois professores se lançaram ao desafio de reconstituir essa trajetória dos terreiros de umbanda no município, elaborando monografias de conclusão de Curso de Licenciatura Plena em História focados no assunto e que muito contribuíram para o estudo do tema, da religiosidade e da historiografia local. Foram eles:

a. A prática umbandista em Altos no início do século XXI, de Maria Elisângela de Oliveira: trabalho apresentado em 2009 no Campus Roberto Raulino da UESPI, em Altos;

b. A origem e expansão dos terreiros de umbanda em Altos: o legado de Mãe Ciana, de Landerson Silva do Nascimento: trabalho apresentado em 2011 no Campus Heróis do Jenipapo da UESPI, em Campo Maior.

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Zeladora Neusa e sua mãe-de-santo
Antonia Germano, do Bairro São Luís

Por Carlos Dias, professor e pesquisador